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Cinco gerações de amor à terra
Empresas  Casa Ermelinda Freitas

Cinco gerações de amor à terra

Com milhares de prémios atribuídos, 550 hectares de vinhas e 20 milhões de litros de vinho produzidos por ano, a Casa Ermelinda Freitas é um exemplo de sucesso. Esta empresa familiar, gerida há quatro gerações por mulheres, já está com a quinta geração, também ela feminina, no ativo.


Publicado em 30 de Setembro de 2022 às 16:00 | Por Cofina Boost Content

Depois de mais de 20 anos de carreira como técnica superior na função pública, Leonor Freitas viu a sua vida mudar quando o pai, Manuel João de Freitas Jr., morreu repentinamente. Trabalhava na área da saúde e não estava no seu projeto de vida vir a assumir o negócio de vitivinicultura da família, apesar de ter sempre acompanhado de perto o trabalho na terra desenvolvido pelos seus familiares mais antigos, e depois pelos seus pais. Leonor Freitas conta que, “desde as primeiras gerações, sempre existiu uma grande envolvência, dedicação e amor ao meio rural, às vinhas, ao vinho e à passagem das experiências de geração em geração”. E foi esse amor, que sempre teve, mesmo não trabalhando na casa agrícola da família, que a levou a dar o passo para dar continuidade ao negócio da família com a sua mãe, Ermelinda.

Estava-se na década de 1990 e a casa edicava-se à produção de uva e vinhos, com 60 hectares de vinha da casta Castelão e cinco hectares da casta Fernão Pires. Vendiam a granel, sem marcas próprias, e o objetivo era manter o que já existia, a vinha e uma adega tradicional, e continuar a vender o vinho a granel, que ia sendo comprado por empresas que o integravam nas suas próprias marcas. Já produziam 1.500.000 litros por ano quando, em 2002, decidiram ir por outro caminho. Deram o nome da sua gestora e matriarca da família à casa, nascendo a designação Casa Ermelinda Freitas, e deixaram de vender a granel, passando a engarrafar toda a produção com marcas próprias.

Os primeiros vinhos

O primeiro vinho foi o Terras do Pó, ou não estivessem em Fernando Pó, uma localidade do concelho de Palmela, cujos solos têm características diferenciadoras. Próximos do mar e dos rios Tejo e Sado, cuja brisa ajuda a refrescar durante os verões quentes e secos, os solos destas vinhas são arenosos, com areia muito semelhante à da praia, e muito ricos em água, o que desempenha um papel importante na maturação das uvas. Destas vinhas nasceram também os vinhos Dona Ermelinda e o Quinta da Mimosa.

Na época, só trabalhavam com as duas castas que tinham, mas, ao passar a ter marcas próprias, sentiram necessidade de diversificar. Para tal, adquiriram mais terrenos e plantaram castas diferentes. Começaram com a Touriga Nacional, depois a Trincadeira, e assim sucessivamente até aos dias de hoje, em que o portefólio da Casa Ermelinda Freitas
abrange mais de 30 castas, nacionais e internacionais, plantadas em 550 hectares de vinhas. Adicionalmente, adquirem uvas “a
mais de 160 pequenos produtores de uvas da região” e que, explica Leonor Freitas, “são monitorizadas e acompanhadas” pela Casa Ermelinda Freitas.

Cinco gerações de amor à terra | Negócios com História

E foi assim, com estes passos que a trouxeram de regresso à terra, que Leonor Freitas descobriu “que era aqui que me reencontrava e que era disto que gostava”. Assim, decidiu dar mais um passo em frente e construiu uma nova
adega, uma vez que a antiga já não era suficiente para tanta produção e a tecnologia que a nova teria seria uma mais-valia para a produção. Mas, apesar de investir em tecnologia, Leonor Freitas tinha bem presente que as tradições eram para manter. Fazia sentido inovar e envolver os colaboradores, “mas tendo sempre em perspetiva, e como lema, manter a tradição”, ressalva.

O reconhecimento

Com a nova adega, muito trabalho e muitas visitas “a feiras internacionais, de modo a começar a exportar e a tornar a marca conhecida não só a nível nacional, mas também internacional”, Leonor Freitas viu a casa crescer. Conta, com orgulho, que “o reconhecimento de todo este trabalho se reflete em todas as condecorações e prémios atribuídos ao longo dos anos”. E são muitos, como o Prémio de Inovação e Empreendedorismo atribuído pelo ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, em 2008, ou, no ano seguinte, a Comenda de Ordem de Mérito Agrícola, atribuída pelo Presidente da República, por ocasião do 10 de junho. A Medalha Municipal de Mérito Grau de Ouro que recebeu do Município de Palmela em 2010, assim como prémios de mulher empresária ou prémios de agricultura atribuídos ao trabalho que tem feito na Casa Ermelinda de Freitas são galardões que não deixa passar em branco, pelo reconhecimento que representam do enorme trabalho que tem sido feito naquela casa. Mas desengane-se quem pensa que os prémios são considerados por Leonor Freitas como um reconhecimento pessoal. Faz questão de frisar que “o sucesso está relacionado com as gerações que trabalharam antes de mim, com a minha família, com a equipa que tenho, com a região e, por fim, com os consumidores”. “É para eles que a casa vive.”

Era aqui que me reencontrava e era disto que gostava.

Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda Freitas

Cinco gerações de amor à terra | Negócios com História

Como não é só a casa, nem Leonor Freitas, a ser reconhecida, uma vez que os vinhos da Casa Ermelinda Freitas já receberam mais de 2.000 prémios, tanto nacionais como internacionais, quisemos perceber o que os distingue. Leonor Freitas explica que “são vinhos intensos, com muita estrutura e maduros, pois são do Sul, o que lhes permite ter sol e calor”. Mas além da boa localização geográfica, que beneficia da proximidade da água, Leonor Freitas pretende que os vinhos “tenham o máximo de qualidade e o preço justo para essa qualidade”. “Foi isso que sempre procurei e felizmente tenho tido bons resultados. Tenho também vinhas muito velhas que são um ponto de diferenciação a nível de qualidade e tipicidade, pois economicamente não são viáveis, mas como faço vinhos excecionais ainda as mantenho. A nossa maior aposta é sem dúvida
ir ao encontro dos nossos consumidores sempre com a melhor qualidade”. Uma qualidade reconhecida, mas que nem por isso faz com que esta equipa se encoste à sombra dos louros colhidos. Sempre com o intuito de criar mais e melhor e agradar, e surpreender, os consumidores já fiéis, há também que atrair novos públicos. Em constante evolução e sempre à procura de novidades, Leonor Freitas partilha que em breve será lançado um novo produto: o primeiro Moscatel de Setúbal Reserva Seco.

Inovação ao serviço do bem

Se, nesta casa, a inovação serve para fazer novos vinhos, essa mesma inovação foi posta ao serviço da sociedade quando o mundo parou, em 2020, com a pandemia de covid-19. Na altura, a procura por álcool-gel era uma das grandes dificuldades que se faziam sentir, uma vez que a oferta escasseava e os preços eram muito elevados. Para ter na Casa Ermelinda Freitas, para os funcionários, mas também para poder ajudar outras instituições, como prisões e lares, Leonor Freitas pensou na
ideia de produzirem álcool-gel. Mas apenas tinham o álcool, não sabiam como fazer o gel. Nessa altura, o presidente do Instituto Politécnico de Setúbal telefonou para Leonor Freitas e pergunta se a Casa Ermelinda Freitas tinha álcool para dispensar para poderem fazer gel. Assim, uniram-se esforços e vontades, como conta Leonor Freitas: “O Instituto Politécnico de Setúbal forneceu todo o seu conhecimento e a parte química para o processo de conceção, a Vinisol vendeu o álcool a preço muito barato, tendo sido assim possível criar esta conjugação de esforços que permitiram uma grande aprendizagem em prol da nossa sociedade podendo assim ajudar todos os que necessitam”. Deste modo nasceu a iniciativa que juntou três entidades, a Casa Ermelinda Freitas, a Vinisol, e o Instituto Politécnico de Setúbal. “Sem toda esta envolvência não teria
sido possível fazer 6.000 litros de álcool-gel”. E, seja para fazer álcool-gel, e ajudar muitas pessoas, seja para fazer vinho e ajudar outras tantas, é assim que se pode resumir a maneira de estar na vida de Leonor Freitas: “Tudo é possível e tudo é fácil quando queremos ajudar o próximo.”

Temos vinhos intensos, com muita estrutura e maduros,
pois são do Sul, o que lhes permite ter sol e calor.

Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda Freitas

Por um planeta mais saudável

Para esta empresária, as pessoas estão em primeiro lugar. E, nesse sentido, faz questão de manter na Casa Ermelinda Freitas práticas de sustentabilidade que ajudam a preservar o planeta. Porque sem um planeta saudável, não há pessoas saudáveis. Deixando bem claro que “é impossível não falar em sustentabilidade na Casa Ermelinda Freitas”, Leonor Freitas considera que “qualquer empresa nos dias de hoje que seja responsável tem de ter como um dos seus principais objetivos e preocupações a sustentabilidade, pois será com o equilíbrio do planeta que conseguiremos continuar a trabalhar, e seremos dignificados pela
sociedade”.

Ressalvando que a atividade agrícola tem, por si só, uma ligação natural maior a práticas sustentáveis, a Casa Ermelinda Freitas utiliza, sempre que possível, métodos e processos sustentáveis. Leonor Freitas explica que a “primeira preocupação começa logo desde a plantação da vinha e todos os tratamentos que fazemos, aplicando produtos amigos do ambiente que respeitam a fauna da região”. Mas não se ficam por aqui. Nesta casa, 50% da energia elétrica utilizada é proveniente de painéis solares fotovoltaicos, que se encontram no telhado do centro de vinificação. Existe também uma ETAR que trata as águas residuais, de modo que tenham as condições necessárias para serem lançadas na rede, e a desinfeção das máquinas é feita com água
quente e não quimicamente.

No que toca aos materiais utilizados, privilegiam os reciclados, e as rolhas de cortiça são provenientes de uma produção sustentável. Leonor Freitas conta que têm “a preocupação de aproveitar tudo o que é nacional utilizando as rolhas de cortiça naturais, em que foi envolvida a estrutura celular inigualável da cortiça com tecnologia sofisticada, respeitando simultaneamente o trabalho notável da natureza e a integridade plena deste material. Ao fazermos isto, mantemos assim a sustentabilidade dos sobreiros e dos corticais que, para continuarem a crescer, necessitam que se vá retirando a cortiça, permitindo a continuação dos mesmos.”

Assim, de olhos postos no futuro, mas assegurando no presente que fazem o melhor que podem e sabem, a Casa Ermelinda Freitas tem sido um exemplo de crescimento sustentado, e pensado por pessoas para pessoas. Leonor Freitas, que já conta com a ajuda da quinta geração da família, através da filha Joana, considera que a Casa Ermelinda Freitas “tem sido e continua a ser uma casa de expectativas positivas e, portanto, mesmo com as condições adversas que neste momento vivemos, continuamos a lutar para manter todos os postos de trabalho e se possível criar mais. Para isso continuaremos a lutar sempre pela qualidade dos nossos vinhos de modo que possamos manter crescimento sustentável no valor e no volume.” Porque para Leonor Freitas, “nada tem longevidade sem ser competitivo. Ter bons produtos e bons vinhos, é este o lema da Casa Ermelinda Freitas, que nos tem feito crescer e sermos unidos.” Que assim continuem.

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